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2º Colóquio de Estudos Saramaguianos

 

De 16 a 18 de novembro irá decorrer o 2º Colóquio de Estudos Saramaguianos, com organização dos professores Ceila Maria Ferreira, Luis Maffei e Pedro Fernandes de Oliveira Neto e realização da Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O encontro, que reúne reúne especialistas do Brasil, Argentina, Espanha e França, terá lugar em linha.

 

As inscrições são gratuitas e estão abertas até ao dia 15 de novembro de 2021. Podem-se inscrever mediante o formulário aqui disponibilizado.

 

Continuação do 1º Colóquio de Estudos Saramaguianos realizado em 2018 por ocasião dos 20 anos do Prémio Nobel outorgado a Saramago, esta segunda edição comemora o centenário do autor português, abrindo um ano em que serão inúmeras as atividades e celebrações.

 

Segundo explicam os organizadores na apresentação do evento, o programa está organizado em torno a "discussões que examinam ao menos três dimensões: a da obra, desde o que se designa como período formativo (nos termos propostos por Horácio Costa, 1997 / 2020) ao período da maturidade; as intersecções entre a obra e outros campos do saber, como a filosofia, a biografia, a autobiografia, os estudos narrativos; e os diálogos intertextuais que tomam como ponto de inflexão a literatura saramaguiana".

 

O professor Burghard Baltrusch, presidente da Cátedra Internacional José Saramago da Universidade de Vigo, participará neste encontro onde fará a conferência de encerramento com o título "O Memorial de Blimunda — reflexões sobre a reinvenção da ética em José Saramago", programada para o dia 18 de novembro pelas 19h00. Vejam a seguir o resumo:

 

Resumo:

Esta conferência pretende mostrar que o romance Memorial do Convento (MdC, 1982), de José Saramago, contém vários memoriais: Por um lado, temos o bem conhecido memorial histórico-literário da construção do convento de Mafra, que centra a sua atenção naquelas circunstâncias e pessoas que a historiografia oficial silenciou. É um memorial que reescreve a história desde a perspectiva de todos os supostamente vencidos — homens e mulheres —, mas também desde o ponto de vista do povo, que age como colectivo histórico, como entidade trabalhadora e produtora de cultura, e a cuja história se pretende conferir memorabilidade. Porém, aqui pretendo mostrar que, além deste memorial histórico-literário, objecto principal da maioria dos estudos realizados até ao momento, existe ainda outro memorial neste romance: Chamá-lo-ia o 'memorial de Blimunda' porque relata e esclarece como nesta figura confluem todas as linhas de força da narrativa, e como ela, em última instância, resulta ser o engenho que garante o 'funcionamento' da mensagem ético-política do romance. É um memorial que também realiza o balanço de uma economia do sacrifício, nas palavras de Derrida, "uma economia equívoca o suficiente para parecer integrar a não economia" que, "na sua instabilidade essencial", "parece ao mesmo tempo fiel e acusadora e irónica em relação ao sacrifício cristão" (1999: 148). Este memorial filosófico inclui as questões relacionadas com a bondade, responsabilidade, fé e o segredo em Blimunda, além da pergunta se podemos ler o MdC, também, como um irónico 'livro comercial' que faz um balanço, subversivo mas com uma aspiração inequivocamente ético-política, da economia do sacrifício desinteressado do discurso bíblico, e que a conferência pretende revisar a partir das análises realizadas por Jacques Derrida em Donner la mort (1999).

 

Palavras-chave: José Saramago, Memorial do Convento, Blimunda, Jacques Derrida, Ética, Sacrifício.

 

Confiram o excelente programa do evento na íntegra aqui.

Publicado, 05/11/2021






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